segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aurora Paixão, Sandra Saúde - Educação informal intergeracional: o caso da transmissão dos usos e costumes da medicina popular

Resumo

Na lógica da exploração da “territorialidade” do processo educativo, pretendem-se apresentar os resultados de um trabalho de investigação que, baseado no estudo de seis casos em duas zonas distintas do país, Beira Alta e Baixo Alentejo, procurou explorar as dinâmicas subjacentes à educação informal e à forma como esta é transmitida de geração em geração.
A partir do exemplo dos hábitos e mezinhas típicos da medicina popular procedeu-se à exploração de 6 histórias de vida que nos ajudaram a situar e a compreender as características do processo educativo intergeracional.
Em campo profundamente influenciado pela matriz cultural e religiosa, a interpretação das formas e dos rituais de passagem, entre gerações, dos conhecimentos e das práticas da medicina popular ajudam-nos a comprovar o carácter situacional e funcional do acto educativo, mesmo o informal. Utilizando a oralidade, a demonstração e, nalguns casos, muito raros, o registo escrito, os mais velhos procuram garantir junto dos mais novos (nos que confiam e acreditam e já experienciaram), e de forma quase secreta, a preservação “do legado”, “do dom” que “.. não se ensina nas escolas mas que pode ser aprendido, desde que se sigam bem as regras”. O passar e a apropriação da mensagem e do ensinamento (da benzedura, da mezinha..) é um acto de partilha e de enriquecimento que só se faz mediante prévia comunhão de representações e interesses. Resulta de um processo de entendimento, baseado na exemplificação e na demonstração, em que a cadeia geracional de conhecimento depende estruturalmente do respeito garantido ao aprendido.

Artigo

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