segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

João Sedas Nunes - Da(s) diferença(s) escolar(es): lógica da acção e regimes de envolvimento

Resumo

Propõe-se versar as diferenças escolares. Não é fácil abordá-las sem ceder à doxa. Os assuntos da educação que facilmente revestem variações da democratização escolar prestam-se ao vórtice da opinião. A isso não é alheio o torvelinho de ideias distorcidas sobre as diferenças relevantes que permeiam a escola, com a agravante de amiúde sufragarem como únicas perspectivas aceitáveis pontos de vista não-políticos, como se a escola não fosse instituição que desde a sua génese enformou (di)visões políticas do bem comum e da pessoa humana. Há pois boas razões para atrair a discussão das diferenças escolares, é a opção, ao tema da heterogeneidade - tornando-a e não, como tantas vezes acontece na sociologia da educação, a desigualdade a chave lógica da restituição das distâncias sociais que a escola ajeita no seu interior. Tal não significa ignorar que o espaço escolar é constituído por diferenças vincadas de recursos, avultando os culturais; implica apenas reconhecer que nem toda a diversidade tabula hierarquias que se (re)fazem através da desigual repartição desses recursos. A heterogeneidade escolar também se funda nos juízos firmados em princípios de justiça, nas provas que os compilam e nas formas de engrandecimento e envolvimento que eles ditam. Tudo coisas da escola que se perpetuam por dinâmica intrínseca à escola. Pensar a escola contemporânea, reflectir critica e fecundamente no seu sentido, na trama das relações entre gerações muitas vezes de fileiras sociais diversas, envolve encarar a escola tal como ela é, incluindo um corpus de diferenças não redutível a um único princípio de diferenciação.

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