segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Maria Alexandra Gomes Machado Leandro - A Transição para o 5.º ano: expectativas e impossibilidades num território problemático

Resumo

A partir do acompanhamento de um programa de intervenção desenvolvido numa escola de primeiro ciclo com vista à passagem de alunos do 4.º ano para a escola de 2.º/3.º ciclos, pretende-se reflectir sobre as crenças e expectativas associadas aos alunos e às suas famílias, e o modo como estes elementos mobilizam teórica e emocionalmente os adultos que intervêm junto daqueles.
Uma parte significativa dos agentes escolares lê os comportamentos desajustados dos alunos (as dinâmicas agressivas inter-pares e o descentramento em relação às práticas pedagógicas na sala de aula) como estando na linha directa dos processos de socialização não escolares, no quadro de uma cultura africana favorecedora de dinâmicas incompetentes para a manutenção de um projecto de vida individual e familiar que tenha a escola como espaço central e inquestionável.
A nova escola - EB2/3 - é concebida como um dispositivo mais disciplinador e menos flexível, com menor encaixe para as dinâmicas desviantes dos alunos, dentro e fora da sala de aula. No contexto de uma lógica acentuadamente selectiva, alguns destes alunos encontram-se previamente sinalizados, transportando consigo uma narrativa escolar negativa, que assumirá outras configurações no novo espaço escolar. Sobre estes alunos, em particular, recai a necessidade de demonstrarem que são melhores do que as representações negativas que lhes estão associadas.
Pretende-se, deste modo, reflectir em que medida esta intervenção participa de uma lógica de reprodução dos processos de selectividade escolar vigentes, perspectivando o funcionamento das escolas como um dado incontornável e centrando o discurso na necessidade de auto-regulação dos comportamentos.

Artigo

http://feupload.fe.up.pt/get/8FhR6BQIeDiXHwd

Sem comentários:

Enviar um comentário